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13 novembro 2009

O Orgulho dos outros

De: Marco Aurelio Brasil

Em diversos momentos a Bíblia se mostra impiedosa ao dizer quem somos. Usa expressões como "você acha que está vivo, mas está morto", "você acha que não tem falta de nada, mas é um miserável", "todos pecaram", "não há um só que faça o bem", "sem mim, nada podeis fazer, etc.  Notamos por aí que podemos ter um conceito errôneo a nosso próprio respeito  e que precisamos ser confrontados com nossa própria indignidade latente para sentir a necessidade desesperada de um Salvador.


Por conta disso é que o orgulho foi eleito um dos "pecados capitais". É o pecado sem esperança, porque o pecador não percebe que peca e, portanto, não sente qualquer impulso para se arrepender e para buscar a graça divina.


Nesse tema, como em outros tantos, acontece na prática um descompasso entre a intenção de Deus ao dizer o que disse e o que fazemos com o que ouvimos. A ideia era que olhássemos para o espelho, e não para os outros. Digo isso porque há muita gente tomando cuidados extremos para não incentivar o orgulho dos outros. Recusam-se a elogiar, a dizer uma palavra de validação. Agem diferentemente do próprio Jesus, que elogiou a Pedro quando ele identificou a Jesus como o Cristo. Há milhares de pessoas morrendo à míngua por falta de uma palavra positiva, uma palavra de reconhecimento, um elogiozinho qualquer.
C.S. Lewis ajuda a separar as coisas, veja: "o prazer do elogio não é orgulho. A criança que  recebe um tapinha nas costas por fazer bem o dever de casa, a mulher cuja beleza é elogiada pelo marido, a alma salva para quem Cristo diz: `Muito bem': todos ficam contentes, e têm todo o direito de ficar. Em cada uma dessas situações, as pessoas não se comprazem naquilo que são, mas no fato de terem agradado a alguém que (pelos motivos corretos) queriam agradar. O problema começa quando você deixa de pensar "Eu o agradei: tudo está bem", e substitui esse pensamento por outro: "Eu sou mesmo uma pessoa magnífica por ter feito isso". Quanto mais você se compraz em si mesmo e menos no elogio, pior você fica. Quando todo seu deleite vem de você mesmo e você não se importa mais com o elogio, chegou ao fundo do poço. "


Marco Aurelio Brasil

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